A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou na noite
desta segunda-feira (27) haver indícios de que o avião
que caiu com o cantor Gabriel Diniz em Sergipe (SE) fazia táxi aéreo
irregular. A agência abriu investigação a respeito.
Conhecido
pelo hit "Jenifer", Gabriel Diniz morreu no acidente. Outras duas
pessoas morreram.
Pelos registros da Anac, a
aeronave Piper Cherokee, prefixo PT-KLO, só poderia fazer voos de treinamento
ou de instrução para emissão de licenças de piloto. Em nota, a agência
disse que o "avião não poderia prestar serviços fora de sua finalidade,
incluindo o transporte remunerado de pessoas".
Dentro do avião, Gabriel Diniz gravou um vídeo em que fala a
um empresário de Alagoas: "Tive que pagar os custos (....) ". No
contexto, pode ser uma referência ao abastecimento antes da viagem e ao
pagamento de taxas aeroportuárias para operar em Feira de Santana, de onde o
avião partiu.
A agência também suspendeu as operações do Aeroclube de
Alagoas, dono do avião. Outras 9 aeronaves que pertencem ao aeroclube foram
interditadas e estão proibidas de voar. O aeroclube informou acreditar que o
processo seja "temporário".
"A Agência abriu um processo administrativo para apurar
possíveis irregularidades em relação à operação da aeronave acidentada. Essa
apuração verificará em quais condições estava sendo feito o transporte de
passageiro em aeronave de instrução, categoria destinada a voos de treinamento.
Após a conclusão da investigação ou mesmo durante o andamento do processo
administrativo instaurado, os responsáveis poderão ser multados e ter licenças
e certificados cassados", diz a Anac.
Ao final da apuração, a Anac pode encaminhar denúncia ao
Ministério Público e à polícia para que sejam tomadas medidas no âmbito
criminal.
O avião está em situação regular na agência: estão em dia o
certificado que permite à aeronave voar e a inspeção anual de manutenção.
Também estavam regulares as licenças dos
pilotos Abraão Farias e Linaldo Xavier, ambos mortos no acidente.
A Anac alerta que o táxi aéreo só pode ser realizado por
empresas que cumpram requisitos específicos para esse tipo de transporte.
Qualquer usuário consegue verificar se o avião em que irá voar é autorizado a
fazer táxi aéreo, por meio do Registro
Aeronáutico Brasileiro. Basta colocar o prefixo da aeronave em
"Pesquisa por matrícula". Quando há restrições para táxi aéreo, uma
mensagem aparece em vermelho: "Operação negada para táxi aéreo".
Investigação do
acidente
Enquanto a Anac apura a situação administrativa do avião, a
Aeronáutica irá investigar as causas do acidente. Em nota, o órgão informou que
"investigadores do Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (SERIPA II), órgão regional do Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), realizarão a ação inicial da
ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PT-KLO, ocorrido nesta
segunda-feira (27/5), em Estância (SE)".
A ação inicial é "o começo do processo de investigação
e possui o objetivo de coletar dados: fotografar cenas, retirar partes da
aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam
ter observado a sequência de eventos", ainda de acordo com a nota. A
investigação do Cenipa tem o objetivo de prevenir que novos acidentes com as
mesmas características ocorram.
Não há prazo para as investigações terminarem.
Foto: Iata Anderson Brandão Alves/Arquivo pessoal
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